AAO-HNS, pela primeira vez, publica recomendação sobre surdez súbita

A Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - AAO-HNS considera o problema como parte de uma afecção sistêmica e destaca a importância do correto diagnóstico.

A Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - AAO-HNS considera o problema como parte de uma afecção sistêmica e destaca a importância do correto diagnóstico


medicoA Academia Americana de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (AAO-HNS) publicou no início de março deste ano uma recomendação sobre surdez súbita. O “Guideline”, foi publicado como suplemento da revista Otolarngology Head and Neck Surger. Baseado em evidências e desenvolvido por um grupo multidisciplinar, a recomendação busca fornecer diretrizes para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento da surdez súbita.


Considerando a surdez súbita como parte de uma afecção sistêmica, a recomendação destaca a importância do correto diagnóstico do problema, distinguindo-o, neste sentido, das perdas auditivas condutivas “mecânicas”. O documento também define surdez súbita idiopática como os casos em que a audiometria confirma uma perda superior a 30dB em três frequências consecutivas. De acordo com o texto, a terapia inicial deve incluir corticoterapia (sistêmica ou intratimpânica); e a oxigenoterapia hiperbárica pode ser oferecida aos pacientes, apesar desta indicação ainda não ter sido aprovada pelas autoridades sanitárias dos Estados Unidos.


A recomendação salienta também a importância do acompanhamento destes pacientes e o aconselhamento por meio de orientações sobre a história natural de doença, os riscos e os benefícios dos tratamentos, e as limitações da sua eficácia. Audiometrias seriadas devem ser realizadas a cada seis meses e recomenda-se a indicação de AASI para os casos onde não haja recuperação completa da audição.


Essa é a primeira recomendação publicada sobre o assunto nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, ainda não temos um consenso sobre surdez súdita, vários serviços de ORL tem seus protocolos específicos, mas esses diferem bastante entre eles”, explica a médica otorrinolaringologista do Serviço de Atenção á Saúde Auditiva da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), a Dra Lys Gondim. Que complementa: “É muito importante a publicação de tal documento, pois assim temos respaldo científico, digo, medicina baseada em evidencias, o que nos deixa mais seguros na nossa atuação frente a este problema”. Lys Gondim também lembra que cada caso é especifico e que é preciso direcionar o manejo, o follow up e o tratamento sempre de acordo com a história clínica e o exame físico do paciente.


A Surdez Súbita acomete de 5 a 20 pessoas em 100 mil habitantes, sendo diagnosticada em cerca de 2% das consultas em otologia. São registrados 4.000 novos casos nos EUA. “No Brasil não temos dados epidemiológicos, mas a casuística do nosso Serviço de Saúde Auditiva, considerando somente as consultas em otologia, fica em torno destes mesmos 2%”, relata Lys Gondim.


A surdez súbita se caracteriza como uma surdez sensorioneural de aparecimento abrupto e sem causa conhecida. Seu acometimento é quase sempre unilateral, sendo acompanhada de zumbidos em aproximadamente 80% dos casos e de tonturas em 30%.


O diagnóstico diferencial inclui algumas doenças infecciosas, hematológicas, neurológicas e, principalmente, o schwannoma vestibular. A etiopatogenia da surdez súbita é desconhecida, sendo portanto aventadas algumas hipóteses: a hipótese vascular é muito bem aceita, sendo comprovada em alguns estudos experimentais; a hipótese viral, também bastante reconhecida, tem sérias dificuldades na sua comprovação laboratorial; a hipótese auto-imune, mais recentemente relatada, tem o forte respaldo de estudos imunolaboratoriais a seu favor; finalmente, a hipótese de ruptura de membranas (teoria da fístula) vem perdendo terreno em função da sua difícil comprovação. A tendência atual é considerar a surdez súbita como uma afecção de etiopatogenia multifatorial.


O tratamento da surdez súbita ainda é o tópico de maior controvérsia, com a recomendação da AAO-HNS se pretende dar um direcionamento à questão. O estudo individualizado de cada caso tende a preconizar diferentes atitudes terapêuticas nos pacientes acometidos pela surdez súbita. Por isso, diferentes formas de tratamento ocupavam o espaço dos famosos protocolos de tratamento descritos por inúmeros autores, até o momento.


 

O que é surdes súbita

 A perda súbita de audição é um distúrbio raro, que afeta uma em cada 10 mil pessoas. Atinge principalmente homens e mulheres na faixa dos 40 aos 50 anos e não há uma causa definida para o problema. A surdez súbita é uma perda auditiva grave que geralmente afeta um dos ouvidos e ocorre em poucas horas embora a maioria dos pacientes recuperem totalmente ou parcialmente a audição dentro de 10 a 14 dias.

De acordo com o médico otorrinolaringologista Vicente de Paula Melucci, este distúrbio pode não ter causa identificável, mas normalmente ocorre como consequência de uma doença viral como a caxumba, sarampo, gripe, catapora ou mononucleose infecciosa, podendo também resultar de atividades físicas muito vigorosas, ou mesmo o derrame que lesa o ouvido interno devido à pressão acarretando em perda repentina da audição.

Essa surdez repentina deve ser sempre encarada como uma emergência médica. O paciente precisa procurar assistência médica em, no máximo, 14 dias. Assim, há chances de recuperar parte da audição, esclarece o médico otorrinolaringologista Luiz Cláudio Teixeira.

 

Sintomas

O paciente acometido pela surdez súbita escuta um som explosivo no ouvido afetado quando a lesão ocorre pela primeira vez. A surdez súbita pode ser acompanhada por zumbido que é frequentemente persistente e por vertigem que normalmente desaparece em alguns dias.

 

Fonte: Artigo publicado na área Atualidades da Revista Audiology Infos nº14 março/abril 2012, p.5, pelo redator-chefe Stéphane Davoine (SD). / Blog Direito de Ouvir

 

 

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